sexta-feira, 12 de setembro de 2014







O fim de Maria Bonita 








  Depois de um processo de recuperação judicial que começou em outubro de 2012 e chegou ao fim na última segunda-feira, a Maria Bonita, uma das mais importantes grifes de luxo do Rio, anunciou que vai fechar as portas de sua loja na rua Aníbal de Mendonça, Ipanema, até o fim do semestre, e se concentrar na venda pela internet, em lojas multimarcas e em atacado. As lojas da marca em shopping centers já haviam sido fechadas.
O plano de recuperação da grife visa a aumentar o capital de giro e sanar os R$ 44 milhões que a empresa deve a ex-funcionários, fornecedores e credores. Além de se concentrar em outras formas de comércio, a fábrica, em São Cristóvão, já está produzindo para outras marcas cariocas — tudo na tentativa de que as finanças se estabilizem e, no futuro, a marca volte a ter espaço relevante na moda carioca.
— É uma tentativa de nos reorganizarmos. Ficou acordado que em até dois anos e meio pagaremos prioritariamente 80% das dívidas trabalhistas fornecedores e credores — explica Alexandre Aquino, sócio da Maria Bonita junto com Malba Paiva.
Em um ano cerca de 470 funcionários foram demitidos. Em abril, ex-vendedores fizeram uma manifestação na frente do shopping Market Place em São Paulo reclamando da falta de pagamento de multas rescisórias, FGTS, férias e salários atrasados. Nos áureos tempos do negócio, a Maria Bonita chegou a ter 12 lojas próprias, sendo três delas em São Paulo.
Ícone da moda da cidade, a marca foi criada em 1975 pela estilista Maria Cândida Sarmento e a sócia Malba Paiva. O minimalismo e o corte impecável dos blazers de Maria Cândida, que morreu em 2002, fizeram de suas peças as mais cobiçadas da sociedade carioca nos anos 1980 e 1990. O sucesso era tão grande que, em 1990, Maria Cândida lançou a Maria Bonita Extra, etiqueta mais jovem, mas ainda assim com a sofisticação da marca principal.
Apesar do aparente sucesso, Alexandre Aquino atribui a derrocada do negócio a problemas no “fluxo de caixa” em 2011.
— Acordos firmados não foram cumpridos, o que comprometeu nossa produção e venda no inverno 2012 — disse o empresário, que prefere não detalhar que tipo de combinado não foi colocado em prática.

Mas Alexandre garante manterá duas lojas de ponta de estoque. Ele afirma também que, na próxima semana, a loja virtual já estará funcionando, com entregas para todo o Brasil.
A advogada Juliana Bumachar, sócia do escritório Bumachar e Advogados Associados, afirma que,a partir da homologação do plano de credores pelo juiz, o processo de recuperação judicial da Maria Bonita pode ser extinto em dois anos, se a empresa cumprir todas as suas obrigações. Neste período, a empresa terá de apresentar mensalmente ao juiz do caso seus balancetes mensais e a comprovação dos pagamentos efetuados.


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